
Com a aproximação do fim do ano e para não correr risco com a possibilidade de uma nova estiagem no verão, muitos agricultores, independente da atividade, têm investido cada vez mais na irrigação. A medida abrange desde as hortaliças (já comum) até o tabaco (ainda não tão presente).
Em Venâncio Aires, onde a fruticultura foi um dos destaques nas últimas temporadas devido à produção (veja abaixo), o desafio é garantir que as frutas continuem ‘vingando’ bem. Para isso, boa parte da segurança no cultivo a pela água. Sabedor dessa necessidade, um agricultor de Vila Palanque entendeu que precisava investir em um sistema de irrigação.
“A seca destruiu todo o figo no ano ado. Para esse ano, não quero perder de novo.” O relato é de Dirceu Luiz Hinterholz, 63 anos. É em um hectare na região do barro vermelho, que ele e a esposa, Cleria, 60 anos, apostaram no cultivo de frutas, há quatro anos.
Com o sistema, Hinterholz acredita que pode superar a produtividade do ano ado. No pêssego, por exemplo, que já está maturando, foram 1,8 mil quilos em 2021 e da amora, cuja colheita é em novembro, foram 350 quilos. “Uva também acho que vai bem. Ano ado deu 800 quilos, com cachos do tamanho dos que vemos na Festa da Uva [referência ao evento de Caxias do Sul].” Além dos caquis, plantados neste ano, Dirceu e Cleria também apostaram no repolho. Será o primeiro item vendido à Ceasa, já que as demais hortaliças, até então, eram apenas para consumo próprio.
Quanto às frutas cultivadas, incluindo a produção de meia dúzia de abacateiros, o agricultor vende diretamente ao consumidor, percorrendo o município de ponta a ponta. “Aqui tem opção de fruta de diferentes épocas, então tem o ano inteiro.”

Experiência na Serra
Dirceu e Cleria Hinterholz são naturais de Vila Palanque, mas durante 25 anos estiveram longe de Venâncio, morando em Nova Araçá, na Serra Gaúcha. Lá, Cleria trabalhou na indústria e Dirceu era funcionário público. “Trabalhei muito tempo no viveiro municipal, então me chamou atenção a agricultura de lá. Já no início dos anos 1990, eles diversificavam. Tinham gado de leite, frango e suínos, mas sempre com espaço para frutas. E eles consomem muita fruta também”, relatou.
Assim, quando o casal se aposentou e voltou para o Palanque para cuidar de Leonícia, mãe de Dirceu e hoje com 86 anos, recebeu de herança um hectare de terra. Foi nessa área, onde antes crescia apenas capoeira (vegetação), que os Hinterholz aram a cultivar frutas, aproveitando o que aprenderam com os descendentes de italianos na Serra e contribuindo para a diversificação agrícola de Venâncio Aires.
Fruticultura
• De forma geral, a fruticultura em Venâncio Aires cresceu em área plantada, em famílias produtoras e em venda. Em 2020 eram 418 hectares, ando para 430 hectares em 2021.
•Além disso, mais famílias aderiram às frutas, como limão, laranja, bergamota, pêssego, nozes, ameixa, abacate, pitaya, figo e caqui (como os Hinterholz), como uma forma de incremento na propriedade – 272 para 287 no último ano.
• Na comercialização, também houve aumento: de R$ 408,7 mil em 2020 para R$ 483,7 mil em 2021, de contribuição dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA).
Fonte: Folha do Mate